Army Corps of Hell. Análise de jogo.
A Guerra Civil do Inferno procura pelos seus vencedores.
Jogos com
temas controvertidos para a população mais conservadora sempre existiram,
especialmente aqueles dotados de alguma característica religiosa. Dante's
Inferno por exemplo leva um cavaleiro as profundezas do Inferno da mesma forma
que Dante Alighieri ousou escrever em sua Divina Comédia. Entretanto, não
estamos aqui para falar desta obra - fantástica por sinal - mas sim de um jogo
que deturpa um pouco a ordem natural das coisas, onde você é o próprio Rei do
Inferno e deseja mostrar poder sobre os seus servos que tiraram o seu direito
ao trono. Army Corps of Hell, o nome do dito cujo foi um título disponibilizado
bem no início da vida do PlayStation Vita, e detinha uma premissa inovadora,
mesclando fórmulas de títulos musou - aquele em que bilhões de inimigos
aparecem em tela e você vai espancando todo mundo - mas também com gotas de
estratégia e uma ação inédita. Além disso, por ter sido o primeiro jogo deste
tipo em sua plataforma, Army Corps of Hell não viu resistência em sua concorrência, e
conseguiu chamar bastante a atenção de um público que prefere jogos ambientados
numa linha mais dark.
A questão
aqui então é a seguinte, será que da mesma forma inovadora que Plague Inc. fez
ao seu público,a japonesa Entersphere, com a parceria da Square Enix conseguiu convencer
os jogadores sobre o seu produto? Ou Army Corps se tornou apenas mais um dos
milhares de genéricos de grandes franquias presentes por aí mundo afora? O
preço de cerca de $ 12 na loja online da Square e a média de R$ 100,00 a versão
física disponível no Brasil, será que realmente o jogo vale a pena? É isso que
vamos descobrir agora.
Ninguém disse
que entrar no Inferno seria fácil!
Partindo da
premissa que você é um Rei Infernal esquelético com uma capa superpoderosa
banido pelos seus servos que luta contra uma rebelião interna, o jogador toma
ciência de que em nenhum momento o jogo lhe deixará respirar de maneira segura,
já que a dificuldade aqui é bastante elevada. Army Corps of Hell se divide em
cenários, ou etapas melhor dizendo, e cabe a um exército de goblins controlados
por você destruir qualquer criatura que tente lhe tirar o direito de voltar ao
trono. A dificuldade se eleva tanto por dois motivos: O primeiro é que o
jogador deve montar uma estratégia com os três tipos de exércitos controláveis
e também deve encontrar a melhor forma de derrotar criaturas inimigas que são
muitos maiores - leia-se maiores demais - do que todos os soldados disponíveis.
Hidras infernais aparecendo debaixo da terra, armadilhas no cenário que dizimam
metade do exército antes mesmo da batalha, monstros chifrudos e com asas que
decepam uma horda inteira, esses são apenas alguns dos inimigos disponíveis. E
não pense que ao iniciar o jogo ele te dará uma colher de chá, já nas primeiras
fases, quando o título percebe que você esta pegando a manha dos controles, ele
faz questão de te mostrar o que você vai encontrar. Logo, e insubstituível que
você domine o modus operandi desse jogo antes de continuar, senão fracassará
eternamente em sua busca por retornar ao seu trono. Mesmo assim, garanto que
você morrerá algumas vezes!
Perceba o tamanho do monstro para o seu exército, caro colega! |
Em matéria de
jogabilidade, como falado acima, a Entersphere, criadora do jogo tratou de
pegar características distintas de outras franquias; a quantidade de inimigos e
personagens na tela é derivada dos jogos musou da vida, assim como sua ação
quase desenfreada. Contudo, o que mais caracteriza o jogo é sem duvida a
estratégia a la Pikmin, onde ao controlar as criaturas de seu exército, você
deve usar da melhor maneira seus servos para destruir os inimigos. Logo, você
terá a sua disposição três tipos de goblins, os soldados rasos, os lanceiros e
os mágicos. Os soldados são responsáveis por ataques a feras sem mágica, sendo
a mais simples artilharia do Inferno e por isso, as mais fáceis que seus
inimigos acharam de matar. Os lanceiros por outro lado, mesmo sendo mais lerdos
tem um alcance maior e são as criaturas intermediárias, servindo para combinar
em número com os soldados. Por fim, o grupo dos magos e talvez um dos mais
poderosos, e serve para o combate de feras protegidas com emaranhados de fogo
ou com outras mágicas, que só podem ser derrotadas com eles - ou então, de
maneira mais fácil, os magos podem ser usados para destituir as magias dos
inimigos, e assim as outras hordas podem atacar livremente -. O jogador enfim,
terá o seu destino traçado quando ousar mesclar cada um desses tipos de
guerreiros, ate por que ele está na estrada para o Inferno.
Highway The Hell in Heavy Metal
Poucos jogos
conseguem agradar tanto em matéria de trilha sonora, e Army Corps of Hell se
encaixa neste seleto grupo. Mesmo as pessoas que odeiam o grupo do rock mais
pesado - como o trash e o heavy metal - há de concordar que não existe musica melhor
par este jogo do que as mencionadas. Não estou querendo dizer aqui que estas
bandas tem pactos com o tinhoso, mas os gritos guturais, guitarras estridentes
funcionam muito bem na tentativa de criar uma adrenalina no jogador, ainda mais
se tratando de um jogo portátil, onde isso e um pouco mais difícil quando se
compara o tamanho das telas para um console de mesa. O único porém a ser dito
sobre a trilha sonora é que o acervo de músicas é bem restrito, e pelo menos na
metade para o fim do jogo você notará a mesma cantoria novamente. Não que isso
desagrade, mas poderia existir algumas músicas a mais... Mesmo assim, o jogo
acerta muito bem na sua trilha sonora e no áudio geral, onde o Rei das Trevas,
como de praxe tem uma voz pungente e grossa, enquanto que os estridos dos
goblins são bem visto a cara dos goblins. Não que eu já os tenha visto, mas se
existir coisas como essas, passa a sensação de que suas vozes são como as
retratadas em Army Corps of Hell.
Controle o
seu próprio esquadrão da morte!
Eles também sabem dançar! |
Em matéria de
controles, o jogo se sai de forma bem satisfatória. Como é tradição, com o
analógico direito você controla a câmera, que não tem uma movimentação muito
suave é verdade, enquanto que no esquerdo os exércitos marcham para onde você
bem entender. Usando ainda por cima o touchpad traseiro do Vita, é possível
aplicar power up em suas hordas na hora que lhe convir, desde que você já tenha
conseguido derrotar inimigos que te deem power ups. De acordo com os botões
quadrado, triângulo e círculo, o jogador terá a disposição os três tipos de
exércitos disponíveis para serem usados da melhor forma. Logo, não pense que
você conseguirá controlar todas as hordas ao mesmo tempo por que isso será
praticamente impossível. Isso então poderia ser um ponto negativo? Claro que
sim. Mas esta é a proposta do jogo, celebrar a dificuldade. Existe uma
diferença quando você tem um controle ruim e quando o jogo te impõe um desafio
ao controle. Notadamente, Army se enquadra na segunda categoria. Por fim, mas
não menos importante nessa área, os menus são bem funcionais, não e uma coisa
muito simples de usar, mas também não é aquela coisa embaralhada que vai matar
alguém de raiva. O único ponto alocado no nosso teste foi que, de vez em quando
os power ups colocados pelo touchpad não respondia na hora de seu toque. Lógico
que o título perde pontos por isso, mas não foi algo terrível assim.
Repetição ad
eternum, eternum mesmo.
Mesmo se
mostrando bastante inovador em sua premissa, de controlar um Rei do Inferno
recém destronado e todas as suas hordas, o jogo peca bastante na questão de sua
repetição do modo como a jogatina é formulada. Tudo por que os cenários, por
mais que sejam pouco diferentes em si - o Inferno é composto por ilhas
flutuantes na lava - ainda assim, a partir do sexto chefe gigante o jogador
percebe que tem que fazer basicamente a mesma coisa que fez para derrotar os
outros cinco, com algo diferente aqui e ali; e isso cansa demais. Chega num
ponto em que por mais que a história tenha uma originalidade - e você ate torce
para o malvadão - o cansaço se abate mais rápido, sendo perigoso ate mesmo para
um dos pontos fortes do game, que é a sua dificuldade. Até por que, por mais
que o título eleve seu nível a cada fase, fazer basicamente a mesma coisa toda
a vida - escolher monstros, comandar e matar o chefe - não agrada. E falando
nos chefes das fases, muitos daqueles que o jogador vai enfrentar são
modificações de outros que ele já enfrentou. Se uma hidra por exemplo aparecer,
saiba que ela retornará novamente como adversária, mas nas versões 2 e 3.0, ou
seja, protegida por fogo ou debaixo da terra, pode se servir.
Facilmente
poderia ser rodado no PSP.
Desculpa ser chato, mas olha que horrível essa imagem desse chão, as texturas! |
Um título que
inicia a vida junto com a sua plataforma tem como dever mostrar o que esta por
vir, qual a potencia e finalidade do videogame em questão para que mais
jogadores comprem e adentrem ao mercado. Entretanto, Army Corps of Hell falha
de maneira grotesca em relação aos seus aspectos gráficos, seja eles qual for;
arte, ambientação, personagens e até as cenas in game, que sofrem do mesmo mal
da mesmice. Em matéria de gráficos, os personagens apresentam uma gama de cor
inteligente e desafiante para um lugar que deveria só ter vermelho como padrão,
mas as formas dos personagens são bem grotesca e disformes, e em alguns momentos,
não dava para saber quem era quem no meio do caos que se formava contra um
chefe gigantesco das profundezas. A arte, por mais que tentasse aventurar no
jogo a ideia de que o Inferno não e um lugar muito legal para se visitar acaba
esquecendo que, antes de criar figuras grotescas, deve-se ter boas figuras
grotescas, e não é o que acontece aqui. A ambientação infelizmente segue o
mesmo padrão - cenários rasos que pelo visto foram colocados desta forma para
que a Entersphere não tivesse problema talvez com as quedas de frames. Pelo
menos nesta parte, o jogo se saiu bem e atendeu as exigências de se manter
constante. Enfim, Army Corps of Hell não é um jogo que vai te deixar
maravilhado com os gráficos possíveis e imaginados no Vita.
A Guerra
Civil do Inferno procura pelos seus vencedores, mesmo que ele esteja cansado de
tudo isso.
O ponto que
sem sombra de duvida é primordial em Army Corps of Hell é a sua elevada
dificuldade e a questão de ter de usar - a todo o momento, mesmo que não seja
com tamanha novidade - sua estratégia, que tornam o jogo, com uma duração média
de 20 horas em um desafio bem interessante e complicado de passar. Tenha
certeza de que você vai morrer muitas e muitas vezes antes de derrotar seus
inimigos, que são em única palavra; imponentes. São criaturas macabras,
demoníacas, com muitos chifres e asas para todo o canto e muitas vezes bem
maior do que os seus exércitos. Essa dificuldade pode ate ser mais relaxada com
o auxilio do cooperativo local disponível para o título. Porém, como não encontramos
ninguém com outro PSVita, não pudemos analisar melhor este ponto. Nos controles
Army Corps também se destaca de maneira positiva, dando uma experiência bem
sólida e similar ao que se vê em Pikmin, da Nintendo, claramente uma das
influências do jogo. As três hordas, cada uma contendo suas habilidades lhe
serão úteis para formar as melhores maneiras de matar seus adversários,
mantendo a dificuldade e melhorando a sua visão periférica - você terá de
cuidar de três hordas, cada uma com um botão diferente, então se prepare - e
sendo bem anatômico nos seus toques, não cansando nem mesmo com o uso do
touchpad traseiro. Por fim, mas não menos importante a trilha sonora é o
quesito técnico que mais se sobressai; as músicas, mesmo sendo poucas interagem
e muito bem com a Guerra Civil das profundezas, e atiça ainda mais o jogador.
Lembra quando você escuta um Heavy Metal daqueles e sai gritando e dedilhando
uma guitarra invisível balançando os cabelos de toda a forma? Então, o jogo vai
te deixar mais ou menos assim, dependendo do seu gosto por este tipo de música.
Claro que ate mesmo os que não gostam de um rock pesado vão perceber que o som
é sem dúvida muito convincente.
Por favor, alguém me diga o que está acontecendo aqui! |
Infelizmente,
por mais que o desafio seja grande, ainda assim ele esbarra em diversas barreiras,
que não são as garras e presas de seus inimigos, mas sim a mesmice com o qual o
jogo evolui. É complicado que um jogo formulado na estratégia mantenha a mesma
constância, os mesmos padrões. Ser responsável eternamente por uma hordas de
goblins que tem os mesmos poderes fazem as mesmas coisas em todos os episódios
com inimigos que ainda por cima são muitas vezes uma versão 2.0 dos já
derrotados deixam o título com uma sensação de que o desenvolvimento começou
bem, mas não foi aproveitado da maneira que deveria ser. Os gráficos então são
sem duvida a pior parte técnica de Army Corps, e isso não se deve a questão de
que o Inferno tem que ter bichinhos coloridos e fofinhos. Pelo contrário, o
jogo da certo em criar coisas hediondas que deixam ate mesmo adultos
arrepiados, mas isso não quer dizer desleixo com o que o Vita pode fazer. Seria
plausível - mesmo que não recomendado - que os cenários fossem restringidos
para que a dinâmica dos frames não fosse atingida, deixando o game mais fluido,
o que de fato aconteceu. Porém, não são
só os cenários, mas tudo cai no sentido da repetição e de uma pincelada a mais
em suas artes. Qual seria o motivo de até mesmo repetir as cenas in game com
minúsculas diferenças? Em suma, o que faltou para que Army Corps of Hell fosse
um jogo excelente foi sem dúvida alguma o tempo e também a questão de ser um
jogo desenvolvido para uma plataforma que até então nem tinha sido lançada. No fim, Army Corps o Hell é um jogo de nicho, sendo uma boa pedida para aqueles que gostam de um bom plot dark com uma história macabra. Quem sabe encontrando o título a menos de R$ 100,00 - nestas promoções loucas da vida - ele valha bem mais apena!
NOTAS FINAIS:
DIVERSÃO: 65
DIVERSÃO: 65
Army Corps of Hell traz entretenimento enquanto não cansa, e é bem divertido isso. A dificuldade e a estratégia com o qual o jogador vai enfrentar os seus adversários chama a atenção, mas é inevitável a chegada daquele momento em que você tem a sensação de dejavú; tudo é tão igual, desde os personagens até mesmo as táticas que o jogo se torna algo massante.
LONGEVIDADE: 65
Em matéria de horas disponíveis, não há o que reclamar do jogo, ainda mais pela sua dificuldade, que não permite que o jogador avance com facilidade, dando por volta de 20 ou 30 horas de jogatina a primeira vez. O único mal de Army Corps é que essa longevidade não trás nada de novo, e dificilmente, a pessoa consegue completar o modo principal com o mesmo desejo que começou a jogar.
JOGABILIDADE: 70
Os controles funcionam muito bem - inclusive o touchpad traseiro do PSVita - e até mesmo intrigam por fazer o jogador utilizar a sua visão periférica; isso com certeza é positivo. Contudo, a mesmice ataca novamente e, depois de um tempo tudo vai se tornando cada vez mais repetitivo. O modo multiplayer pode dar um gás a mais - basta que encontre alguém localmente para jogar com você.
ÁUDIO GERAL: 80
Sem dúvida é a parte mais chamativa de Army Corps of Hell. Não é uma obra prima incrível do Oscar, mas os lampejos de guitarras frenéticas e os sons guturais ecoando pelos cantos fazem com que as tropas infernais tremam e parem a respiração a cada nota dedilhada.
GRÁFICOS: 55
A nota seria bem menor caso Army Corps não fosse um título de lançamento do PSVita. Os gráficos são até chamativos. Mesmo assim, os personagens são rasos em texturas e qualidade, assim como os cenários e todos os polígonos visíveis. Facilmente ele poderia ser rodado no PSP.
ARTES GERAIS: 60
Não existe motivo algum que consiga justificar o uso excessivo das mesmas cenas in-game em mais de uma ocasião; são várias vezes que isso acontece. Tudo bem que o cenário e toda a estrutura é feita no Inferno, mas os personagens não tem um design muito agradável. Chega um ponto da ação frenética em que o Rei do Inferno se torna a coisa mais horrenda do mundo.
NOTA FINAL: 67,5 - MEDIANO
Army Corps of Hell encontrou um nicho no PSVita; aquele jogo dark com um quê de ação ao estilo Darksiders - mesmo que não seja tão próximo deste exemplo - mas também com um caldo de estratégia e musou. Uma boa trilha sonora e a dificuldade são sem dúvida alvo de elogios. Porém, o título também carece de mais tempo para aproveitar o máximo de sua premissa, e sem dúvida, o que mais impacta negativamente é a sua forma monótona e linear de demonstrar a narrativa. É recomendado apenas para os jogadores que gostam deste nicho, que tenham curiosidade com o título ou também, os que tenham um dinheiro extra guardado para o portátil da Sony.
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